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30 anos de uma Libertadores de verdade: o riso irônico de Fábio Koff vale mais que mil palavras

Muitos de vocês devem ter estranhado no título "o riso irônico de Fábio Koff vale mais que mil palavras", pois bem, vamos entender. Logo depois do primeiro jogo contra o Blooming o Grêmio começou a ganhar a Libertadores em uma mesa de restaurante em Santa Cruz de la Sierra; em um jantar promovido pelo Conmebol onde quem se fazia presente além do presidente Fábio, os presidentes do Blooming e do Bolívar, o dirigente do segundo chama-se Mauricio Mercado, ficamos ai Fábio Koff e Mercado. O segundo assegura: se o Grêmio só joga o que mostrou contra o Blooming, vai tomar uma surra em La Paz; além do mas Mercado parecia ter bala na agulha: dono de 11 títulos nacionais, o Bolívar tocou 6 no Blooming já no jogo da estréia; e como se não bastasse isto, o "Poderoso Chefão" do Blívar afirmava com todas as letras: "Nossa torcida não aceita perder jogos em casa. Por isso se o presidente Koff topar, aposto o que ele quiser: vamos ganhar do Grêmio em La Paz", neste momento o nosso Poderoso Chefão sem aspas sentiu o clima de velho oeste no restaurante e logo viu que não seria só a altura que o Grêmio enfrentaria, era baixaria. 

A sapiência do nosso Poderoso Chefão era tanta que naquele momento ele já elaborava sua estratégia e para não deixar passar virou para o lado e perguntou ao dirigente do Blooming como eles faziam para encarar o ar rarefeito; teve como resposta que eles iam poucas horas antes da partida. Estava decido, o Grêmio iria só algumas horas antes da partida para La Paz e agora quem subia nas tamancas era seu Verardi que alterou radicalmente os planos; o Grêmio seguiria entocado em Santa Cruz  e encarar os 3.630 metros de La Paz só no dia do jogo.

Assim se cumpriu, na tarde de 25 de março de 1983 o Grêmio chegou em La Paz e o estádio estava pintado de azul, pena que não era um azul que torcesse por nós, mas ok, falamos de Grêmio! Espinosa orienta: toquem a bola, amorceguem o jogo e não se desgastem à toa. Tonho voltou a equipe no lugar de Lambari e esta fechada meia-cancha. Na frente só Renato com sua impetuosidade e César.

A noite não tarda e a partida inicia, não só a partida como também uma dor de cabeça ao poderoso Mercado, o Grêmio imponha ritmo de jogo e estava mandando, havia prometido que iria bater e estava apanhando e o banco do Bolívar ameaçava invadir o campo. Tempos de Libertadores de verdade! Porém a felicidade do Grêmio acaba aos 33' do primeiro tempo quando Remi não segura o chute de Navarro, parece que a dor de cabeça do presidente de lá começa a passar. Aos 36' China ameaça ser expulso mas não é e fica por isto mesmo o primeiro tempo.

Mas o jogo só acaba quando termina -aaaaah vá!- e inicia-se o segundo tempo. Silva acerta um balaço no travessão de Remi, não era possível, isto não era possível mesmo, o que era possível era o Grêmio renascer das cinzas e calar a imprensa vermelha que em Porto Alegre já soltava suas imparSCIaidades. Espinosa tira Tonho e César já esbaforidos e lá vem Tarciso e Bonamigo e o chamado é feito a De Léon "VAMOS PRA CIMA DELES" e fomos. Aos 21' Casemiro cruza para Osvaldo que cabeceia para baixo a bola pica e engana Elso. Empatamos, mas não chega ainda. Aos 37' a virada! China fez um milagre: recuperou a bola na intermediária do Bolívar viu o goleiro adiantado e emenda um canudo de direita, até hoje a imprensa diz que foi sem querer porém foi um golaço de China no ângulo. 2x1, viramos!

O Poderoso Chefão, Fábio André Koff nas tribunas olha bem para Mercado e lhe atira um risinho irônico na cara como uma chinelada. Éramos o único time brasileiro a ganhar suas partidas na Bolívia. Este era o Grêmio e o presidente de 1983.

Ficha técnica:

3ª rodada

Bolívar 1x2 Grêmio

Bolívar: Elso, Vargas, Navarro, Urizar, Arias (Figueroa), Angulo, Gallo, Romero, Borja, Silva (Baldessari), Salinas. Técnico: Ramiro Blacutt

Grêmio: Remi, Silmas, Leandro, De Léon, Casemiro, China, Osvaldo, Tita, Renato, César (Tarciso), Tonho (Bonamigo). Técnico: Valdir Espinosa

Data: 25 de março de 1983

Local: Estádio Municipal de La Paz - Bolívia

Árbitro: Ernesto Fillippi auxiliado por Ramôn Barreto e José Luiz Bazan (Uruguai)

Gols: Navarro (34' do primeiro), Osvaldo (21' do segundo) e China (37' do segundo)

Público: 30.000 pagantes.

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